Banco do Brics deve abrir escritório em São Paulo este ano, anuncia governo

O potencial de investimentos da instituição é de dois bilhões de dólares por ano. No momento, o banco financia quatro projetos no País, totalizando 621 milhões de dólares

Banco do Brics deve abrir escritório em São Paulo este ano, anuncia governoO governo espera inaugurar até outubro, em São Paulo, o Escritório Regional das Américas do Novo Banco de Desenvolvimento (New Development Bank – NDB), instituição financeira criada pelos cinco países do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) para investir em projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável.

A afirmação foi feita nesta quarta-feira (29) pelo secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Erivaldo Gomes, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.

O processo que prevê a instalação do escritório, que depende de aprovação do Congresso Nacional, deve ser mandado em breve para a Câmara dos Deputados, segundo Gomes.

Aportes anuais O NDB tem sede em Xangai (China) e escritórios nos quatro países do bloco. Além de São Paulo, haverá uma representação em Brasília. O banco existe desde 2015, quando foi criado na reunião de cúpula dos presidentes dos cinco países em Fortaleza. Cada membro deverá fazer aportes anuais para formar o capital de 10 bilhões de dólares até 2022. Para este ano, o NDB recebeu 300 milhões de dólares de cada sócio.

Gomes afirmou que a instituição representa uma oportunidade para o Brasil. O potencial de investimentos é de dois bilhões de dólares por ano. No momento, o banco financia quatro projetos no País, totalizando 621 milhões de dólares – a carteira brasileira é a menor entre os cinco sócios. Com o escritório paulista, ele acredita que esse valor deve subir. No total, o NDB aprovou trinta projetos no valor de 8,1 bilhões de dólares entre 2016 e 2018.

“Tem havido algumas dificuldades de operação no Brasil, sobretudo pela falta de um ponto de contato no País, que vai ser resolvido pelo escritório”, disse. “A expectativa é que a partir daí consigamos ter um fluxo mais substantivo de projeto no Brasil”, disse Gomes.

Reunião de cúpula A criação do escritório brasileiro do NDB foi cobrada pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC). Ela lembrou que em novembro o Brasil sediará a reunião anual de cúpula dos presidentes dos países do bloco. “Nós não podemos sediar o encontro do Brics sem que o Parlamento tenha votado a instalação do escritório do banco. Penso que seria um descaso de nossa parte”, disse Almeida, uma das autoras do requerimento para realização da audiência pública sobre o Brics, junto com os deputados Pastor Eurico (Patri-PE), Aroldo Martins (PRB-PR) e Paulão (PT-AL).

Durante o debate, a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Luciana Acioly, defendeu que o Brasil deve se preparar para demandar mais investimentos do banco. Ela afirmou que a instituição poderá ser uma fonte de financiamento relevante, principalmente em um cenário de turbulência econômica e política internacional. Acioly é autora de um estudo sobre o NDB e o Arranjo Contingente de Reservas (Contingent Reserves Arragement – CRA), um fundo poderá ser acionado pelos integrantes do bloco para compensar pressões de curto prazo sobre o balanço de pagamentos do país.

Reportagem – Janary Júnior Edição – Roberto Seabra

Por Agência Câmara Notícias

Comece a digitar e pressione Enter para pesquisar